By: Michaell Lange,
29/12/16 –
Assim como o liberalismo, o populismo tem conceitos diferentes de acordo com o lugar, o tempo e o lado político no qual se encontra o argumento. Há um entendimento generalizado difundido pelo pensamento de esquerda, que assume o populismo como um movimento do povo contra a elite. A elite neste caso, seria uma barreira que impede as melhorias necessárias para sociedade como um todo. Já de acordo com o pensamento de direita, esse conceito é falso pois, a idéia de que há uma união de pensamentos e idéias que caracterizam um povo, é inexistente.
O que chamo de “populismo revolucionário”, e que será o fator central desse artigo, se trata do populismo que explora a indignação do povo, sobretudo da classe operária. Esse apelo as massas ja levou ao poder no passado, lideres como Hitler, Mussolini, Stalin, Mao Zedong, Pol Pot, Francisco Franco e Fidel Castro, além de outros. O que há em comum entre eles é a guerra, a opressão e a morte de milhares de inocentes. O sistema que une a ideologia de todos os líderes citados acima é o totalitarismo, que se apresenta em diferentes formas, seja liberal, democrático, libertador, revolucionário, socialista ou popular. Seja qual for a vestimenta, todos eles são, no fundo, totalitaristas ou seja, pessoas que buscam o poder total para si mesmo. Quando compramos um produto, além do reconhecimento visual, o rótulo deve trazer com clareza o que é, e o do que o produto é feito. Na política mundial, a política pode trazer diferentes rótulos para o mesmo produto. Tudo é válido para convencer o povo. Infelizmente, o povo, seja no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, é quase sempre convencido a comprar “gato por lebre”.
O re-surgimento do populismo revolucionário é extremamente preocupante. Os exemplos do passado precisam ser reconhecidos para que os mesmos erros e as mesmas tragédias não se repitam no futuro. Infelizmente, esse processo se encontra em estágio avançado e poucos percebem a gravidade do seu re-surgimento. O populismo revolucionário tem como principio, se identificar com a classe trabalhadora e através dela, chegar ao poder. Ao que parece, quanto mais anti-sistema e radical forem, maior a popularidade. Quanto mais enfurecedor o discurso, maior o apoio popular. Quanto mais apelativo, maior a sua aceitação. Os exemplos desse fenômeno são numerosos. O maior de todos chama-se Donald Trump. O mais novo presidente Americano, foi eleito com um discurso inflamatório, ofensivo, discriminatório e revolucionário. Quanto mais ofensivo eram os discursos de Trump, maior era a sua popularidade. Quanto mais a mídia tentava destruí-lo, maior ele ficava. Trump foi eleito com a promessa de construir muros, expulsar milhões de imigrantes e proibir a entrada de muçulmanos nos EUA. O extremismo clássico, populista e extremamente perigoso de Trump, esta se propagando pelos quatro cantos do planeta em uma velocidade preocupante. Essa estratégia ja deu certo no passado e o mundo viveu os horrores da sua consequência. O crescimento do extremismo no mundo, pode ser o inicio do re-surgimento do fascismo e do Nazismo camuflados em uma nova vestimenta que pode sim, levar o mundo de volta às catástrofes dos anos 30 e 40. A eleição de Trump nos EUA provou que a retórica do extremismo pode ser um atalho ao poder. O sucesso de Trump deu credibilidade a outros extremistas como Nigel Farage, que por dez anos lutou pela saída do Reino Unido da União Européia com um discurso muito similar ao de Donald Trump. Farage, foi o principal pivô na campanha do Brexit, do referendum Britânico que decidiu pela saída do pais da União Européia. Na Austria, outro extremista acusado de ser um neo-nazista, Norbert Hofer, venceu as eleições e se tornou o mais novo presidente do país. O líder do Partido da Libertação Austríaca, é apenas mais dos exemplos da corrida para a extrema direita que ocorre na Europa nesse momento. Esse fenômeno tem sido seguido de perto por vários outros países no mundo incluindo o Brasil. Na Holanda, Geert Wilder, do Partido para a Libertação, lidera o movimento radical no seu país. Na França, a candidata da Frente Nacional, Marine Le Pen, lidera as pesquisas presidenciais com a promessa de seguir o exemplo Britânico e retirar a França da União Européia. Em Israel, Netanyahu dispensa qualquer apresentação. E na Russia, Putin aproveita o momento conturbado na política global para se fortalecer como um poderoso líder da nova geopolítica mundial. Todos eles usam a mesma retórica radical anti-Islâmicos e anti-imigrantes.
No Brasil, o caos econômico causado pelo impasse político promovido irresponsavelmente por corruptos incompetentes no Congresso Nacional junto ao colapso do ja precário sistema de saúde, educação e segurança, vem abrindo espaço para o radicalismo retórico populista liderado por Jair Bolsonaro. O surgimento de um mito que na TV aparece enfurecido, pregando a morte de bandidos, mesmo trabalhando e sendo aliados de muitos deles, ganha força como candidato a presidência da República em 2018. Bolsonaro se tornou, ou pretende se tornar, o Trump Brasileiro, mesmo que as similaridades entre os dois se limitem a retórica radical e populista para chegar ao poder. Bolsonaro esta desesperado por uma foto junto ao presidente Trump que possa ser usada como bandeira em sua campanha eleitoral para 2018. É muito provavelmente que ele conseguira seu pequeno troféu Americano que certamente aumentará suas chances de vitória em 2018. O crescimento da popularidade de Bolsonaro no Brasil segue o mesmo princípio do que vem acontecendo nos EUA e Europa. A crise financeira de 2008 fez 6 milhões de americanos perderem suas casas, pondo fim ao sonho Americano. A crise do Euro e o colapso da economia Brasileira, são as principais causas do re-surgimento do populismo revolucionário que nos anos 30, logo após a grande depressão econômica de 29, fez surgir o pesadelo Nazista e Fascista que aterrorizou o mundo por décadas. Os próximos 3 anos serão cruciais para evitarmos uma repetição dos erros do passado. Entender o fenômeno político que vem ocorrendo no mundo, é fundamental para que as gerações futuras não precisem sofrer as consequências causadas pelos erros das gerações atuais. As consequências do radicalismo é a violência, e violência não é, nem nunca será, solução para nada. O radicalismo não pode ser uma opção aos erros do atual sistema político mundial. O apelo da retórica radical deve ser rejeitada a todo custo. Aqueles que se sentem atraídos pelos discursos inflamatórios de políticos como Bolsonaro, precisam refletir sobre a verdadeira intensão do seu discurso radical. A falta de opção não pode ser uma justificativa para eleger o mais furioso da lista. Não há dúvidas de que o atual sistema político precisa ser derrubado e repensado. Mas, substituí-lo pelo radicalismo seria um retrocesso de altíssimo custo que eu, você, e as gerações futuras terão que bancar.