ELEIÇÕES AMERICANAS: POUCO MUDA SEJA QUAL FOR O RESULTADO

By: Michaell Lange,

London, 08/11/16 –

Como se fosse uma batalha final entre o bem e o mal, as eleições Americanas toma conta dos noticiários na TV, no radio e nas redes sociais. O mundo segura a respiração enquanto os Americanos votam para escolher entre o Diabo e o Demônio para ser o próximo presidente da maior potência bélica do planeta. Motivos para preocupação não faltam, mas por culpa do desbocado Donald Trump, a face obscura de Hillary Clinton deu lugar a uma visão de “a menos pior ” entre duas escolhas muito ruins. É difícil imaginar como os EUA foi chegar a situação de ter os dois piores candidatos da história Americana, como únicas opções na mesma eleição. Paralelamente, é possível entender como o Brasil foi parar em situação semelhante. Fala-se aqui no Reino Unido, em um desastre sem precedentes caso Trump seja eleito. Mas, como sempre questiono. Desastre para quem? Afinal de contas, quem realmente perderia com a eleição de Donald Trump?

A resposta para essa pergunta, encontrei na história recente dos EUA. Com todos os absurdos falado por Trump sobre os negros, as mulheres e os Muçulmanos, não seria difícil concluir que as minorias seriam as mais prejudicadas  por um provável governo Trump. Mas, vejamos um pouco do que tem acontecido até o momento nos EUA. O governo Bush tomou posse pouco antes dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, e por consequência, deu inicio ao que ficaria conhecido como a campanha militar mais desastrosa da história Americana depois do Vietnam. A invasão do Afeganistão e do Iraque foi o apse da guerra contra o terrorismo. Dez anos depois, e centenas de milhares de civis mortos, Bush retirou as tropas Americanas do Iraque deixando para trás um país em frangalhos, sem governo e sem Lei, abrindo caminho para o surgimento do Estado Islâmico. O mundo certamente não se tornou um lugar mais seguro, muito pelo contrário. Ao final do governo Bush, o planeta acordava para a pior crise financeira desde o final dos anos 20.

A chegada de Barak Obama na casa Branca trouxe esperança de um país melhor e de um mundo melhor, sobretudo para as minorias. Mas, logo as esperanças foram dando lugar a decepção. A promessa de fechar a prisão de Guantânamo no seu primeiro ano de mandato não se concretizou, e não se concretizaria até o final do seu governo. A campanha militar desastrosa na Líbia e posteriormente na Síria, deixaria centenas de milhares de civis mortos e milhões de refugiados. As mortes de inocentes no Paquistão, causadas por drones Americanos, também não ajudou Obama. Ele também não conseguiu combater a pobreza em seu país que chegou a 15% da população. Ao final do seu segundo mandato, 50 milhões de Americanos não tem acesso a saúde. A política externa de Obama só não foi um total desastre porque conseguiu de certa forma, reconciliar as relações com a América do Sul, mesmo que para o povo Sul-americano estas relações não significam algo positivo. Ja no Oriente Médio, Obama foi um desastre total, e nem mesmo os Afro-Americanos se beneficiaram do primeiro Presidente Americano negro. Nem na era Bush a policia Americana matou tantos negros inocentes. Obama também não conseguiu mudar as Leis de armamentos nos EUA e de modo geral, muito pouco mudou para as minorias e para as classes trabalhadoras Americana.

Hillary, seria a continuação do governo Obama, incluindo as políticas desastrosas no Oriente Médio e a continuação da impunidade nos casos de mortes de negros por policiais brancos, que parece ter atingido níveis epidêmicos no país. Hillary foi Secretária de Estado no governo Obama entre 2009 e 2013 e muitos a criticam de ter sido a Secretaria de Estado mais desastrosa da história do país. Talvez, o único motivo a ser comemorado em uma vitória de Hillary seria o fato de ela ser a primeira mulher eleita presidente dos EUA, e logo após o governo do primeiro presidente negro. Além desse motivo, há muito pouco a ser comemorado.

Ja no caso de Trump, apesar das trapalhadas, há talvez, algo a ser comemorado. Trump se colocar como desafiante contra o sistema estabelecido. Mas até que ponto isso é verdade é difícil dizer. Sem experiência em cargos políticos, Trump apostou suas fixas no seu sucesso profissional. Mas mesmo isso é questionável. Trump herdou grande parte da sua fortuna e foi a falência seis vezes. Há quem diga que se ele tivesse investido sua herança em uma poupança, teria feito mais dinheiro. Outros críticos comparam Trump com Paris Hilton, que investiu sua herança e hoje tem mais dinheiro que Trump.

Os fatos mostram que ambos os candidatos são extremamente ruins tanto para os EUA, quanto para o resto do mundo. Indiferente de quem seja o próximo presidente Americano, as chances são de que as classes que hoje sofrem para conseguir emprego, boa educação e tratamento médico, continuem a enfrentar os mesmos problemas. Obama talvez tenha sido a melhor chance de mudanças concretas para o país, mas muito pouco foi de fato concretizado. É difícil imaginar que alguém consiga fazer as mudanças que Obama prometeu e fazer o país voltar a ser o que ficou conhecido como o sonho Americano. É certo que nenhum dos atuais candidatos estejam dispostos a sacrificar o necessário para promover as mudanças que o país tanto precisa. Resta porém, o espetáculo promovido pela mídia que faz das eleições Americanas, talvez o melhor programa de comédia e entretenimento do momento. O mais certo é que, se você não é negro, hispânico ou Muçulmano, não há motivos para pânico.