COVID-19: NÃO É FANTASIA! NÃO É GRIPEZINHA!

Por: Michaell Lange,

Londres, 24/03/20 –

Quando os EUA e o Reino Unido fecham as portas e apagam as luzes, o mundo deveria seguir o exemplo e fazer o mesmo!

A epidemia do coronavirus virou o mundo de ponta-cabeça. A reação lenta dos governos, tanto pela incredulidade sobre a gravidade do problema e o receio sobre os possíveis impactos econômicos, colaborou para a evolução rápida e implacável do virus que ja ganha proporções catastróficas em países como Itália, Espanha e Irã. Mesmo com o mundo inteiro em estado de emergência, o governo Brasileiro com todos os problemas atuais do país, se recusa a tomar as medidas necessárias para evitar o que pode vir a ser a maior catástrofe social, política e econômica da história do Brasil.

Aqui em Londres, o governo Britânico havia traçado um plano inicial de contenção e mitigação da epidemia para gerenciar o avanço controlado do virus e não comprometer o sistema de saúde Britânico (NHS). Porém, um novo estudo entregue ao governo, mudou completamente o jogo e a atitude do governo Britânico. O estudo simulou o avanço do coronavirus e os resultados com base no plano inicial do governo para calcular o numero de mortes no final do período epidêmico, previsto para acontecer dentro de seis meses. O resultado apontou um numero de mortes de 250 mil pessoas, causando uma verdadeira explosão atômica no coração do Parlamento Britânico, que em menos de 48 horas apresentou um novo plano de contenção audacioso e urgente jamais visto na história do Reino Unido. Os precedentes da epidemia ultrapassam as políticas emergenciais das duas grandes guerras mundiais. O reconhecimento da gravidade e do risco eminente de uma catástrofe em solo Britânico levou o governo a implementar medidas duras e nunca vistas antes. Com exceção dos serviços essenciais como supermercados, farmácias, hospitais e produção e transporte de alimentos, o Reino Unido parou! Londres, o coração financeiro da Europa e um dos maiores distritos econômicos do mundo, esta deserta.

O novo plano de combate ao coronavirus e de ajuda econômica apresentado pelo chanceler Britânico (Ministro da fazenda) Rishi Sunak, irá custar aos cofres públicos inicialmente £350 bilhões de Libras, o equivalente a R$2.1 trilhões de Reais, incluindo fundos irrestritos para o NHS, e investimentos que incluem o pagamento de 80% dos salários dos empregados, ajuda compensatória para empresas com rendimentos de até £45 milhões de Libras por ano, incluindo 1 ano de isenção fiscal, empréstimos de até £5 milhões de Libras com juro zero por um período de até 12 meses e juros de 0.25% subsequentemente. O pacote econômico emergencial e de combate ao coronavirus também prevê a suspensão de pagamentos de prestações da casa própria, taxas e outros custos bancários e domiciliares pelo período inicial de 90 dias. Nos EUA, Trump seguiu a reação Britânica e negocia com líderes do congresso Americano um plano ainda mais ambicioso de $2 trilhões de Dólares. Segundo alguns especialistas, estas medidas chegam com atraso e ja deveriam ter sido implementadas a pelo menos duas semanas atrás, quando a Itália perdeu o controle da epidemia no país.

No Brasil, a falta de ações emergenciais e decisivas por parte do governo federal para conter o coronavirus e reduzir o impacto econômico da crise, refletem a incredulidade de um presidente inconsequente que claramente coloca a Fé e a crença religiosa acima da ciência e dados oficiais apresentados pela OMS, colocando em grave risco a segurança nacional do Brasil.

Falta liderança, competência, coragem, firmeza, atitude, bom senso e coerência ao presidente Brasileiro, que mesmo diante da catástrofe Italiana, e da explosão da epidemia na Europa, America do Norte e partes da Asia, continua acreditando que o problema não passa de uma “gripezinha”, e que a reação mundial à Pandemia é fantasiosa.

O presidente Brasileiro infelizmente, não tem condições de liderar um país com os problemas, as dimensões e as limitações de um país como o Brasil, diante de uma das crises mundiais mais graves da história. É fato importante que a crise do coronavirus não é culpa do presidente. Mas é de total responsabilidade do presidente agir com rapidez, determinação e firmeza diante de dados científicos incontestáveis. O governo Brasileiro ja deveria ter agido com pelo menos duas semanas de antecedência, direcionando todos os esforços do governo federal, incluindo todo o orçamento da união para o combate do coronavirus e para o apoio econômico, assim como fez o Reino Unido e EUA. De fato, os £350 bilhões de Libras apresentados pelo governo Britânico, assim como o possível plano de $2 trilhões de Dólares do governo Americano para lidar com a crise do coronavirus não existem. Estes valores não estão nos cofres públicos do país. Eles serão arrecadados com empréstimos feito pelo governo com juros baixos e créditos financeiros para empresas e indivíduos. O governo Brasileiro deveria fazer o mesmo, usando parte dos recursos da reserva nacional, liberando o credito fácil com juro zero e com o governo sendo avalista. Os R$85 bilhões de Reais anunciados pelo governo são um pingo no oceano perto do que será necessário para lidar com esta crise, e boa parte desse valor não é dinheiro novo, mas sim adiantamentos de pagamentos futuros que ja eram previstos para esse ano.

As polêmicas envolvendo grandes empresários Brasileiros como Roberto Justus e Luciano Hang, e governadores de estados como o de Santa Catarina, expõe o total descontrole e falta de liderança do governo federal em lidar com uma crise grave e que vai deixar sequelas ainda mais graves por conta da total inoperância do governo federal em agir perante tamanha ameaça. O presidente Brasileiro deveria olhar para o mundo e entender que quando os EUA de Donald Trump e o Reino Unido de Boris Johnson, dois dos maiores poderes econômicos do planeta, fecham as portas para negócios, é porque algo de muito grave esta acontecendo no mundo. Se os dois homens mais poderosos do planeta fecharam as portas e apagaram as luzes, o mundo deveria seguir o exemplo e fazer o mesmo. Não é fantasia! Não é gripezinha! É sério e eminente!