ABORTO É CRIME, INDIFERENTE DO QUE DIZ A LEI (opinião)

By: Michaell Lange,

London, 01/12/16 –

Esta semana vários assuntos dominaram a mídia e as redes sociais. A Tragédia com o vôo do time da Chapecoense chocou o mundo do esporte e deixou o Brasil de luto. A sem vergonhice, e o comportamento criminoso dos parlamentares em Brasilia, que diabolicamente aproveitaram-se de uma nação em luto para votar uma PEC imoral, camuflada pela madrugada enquanto o país chorava a perda de 71 vidas na queda do avião do time Catarinense, também deixou o Brasil estarrecido. Mas, um outro assunto não menos importante, acabou ficando um pouco ofuscado por conta dos outros dois assuntos citados acima. Trata-se do aborto que a justiça Brasileira decidiu descriminalizar até o terceiro mês de gestação. O assunto também foi noticia no Reino Unido esta semana, mas por um outro motivo. O Reino Unido é formado pela Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales, mas algumas Leis são diferentes dependendo o país. Por exemplo, na Inglaterra o aborto é legalizado. Qualquer mulher pode procurar uma clinica e fazer o procedimento pago pelo governo. Porém, na Irlanda do Norte o aborto é crime e isso faz com que muitas Irlandesas venham para a Inglaterra fazer o procedimento usando verba do orçamento da saúde Inglesa. Essa polêmica tem gerado debates sobre até que ponto os Ingleses devem pagar pelo procedimento feito para cidadãos Irlandeses. A legalização do aborto na Inglaterra seguiu o mesmo principio seguido por outros países, e é também o mesmo argumento usado por pessoas que lutam pela legalização do aborto no Brasil. Segundo os Ingleses, a legalização do aborto evita a prática clandestina que muitas vezes pode acabar em óbito. Mas, esse mesmo argumento pró-aborto me faz questionar porque o mesmo princípio não é usado em outros casos não menos polêmicos, como no caso da legalização das drogas. Se a legalização do abordo evita a prática clandestina, por que a legalização das drogas não evitaria o tráfico de drogas que é responsável pela maioria dos homicídios no país? O princípio é o mesmo, mas os interesses parecem ser diferentes.

Por muito tempo a polêmica do aborto foi uma incógnita na minha cabeça. Sempre foi muito difícil para mim, ter uma opinião formada sobre o assunto. Mas hoje, tenho plena convicção de que o aborto não difere em nada, de um assassinato. Porém, assim como há exceções que legitimam um assassinato, como no caso da legítima defesa por exemplo, onde a vitima precisa matar outra pessoa para salvar a própria vida, eu também acredito que há exceções que possam legitimar alguns casos de aborto, como no caso do assassinato em legitima defesa. Mesmo assim, em todas as exceções nas quais pensei a respeito, minha conclusão é quase sempre confusa.

Os principais argumentos de mulheres e casais (em muitos casos a decisão é conjunta) que praticaram o aborto, é que o fizeram porque não estavam preparados para ser pai/mãe, ou não tinham condições, ou simplesmente não desejam ter filhos. Pois bem, na minha opinião essa cultura foi estabelecida por negligência do estado que tenta normalizar e em muitos casos até incentivar o aborto. O mesmo estado também falha em alertar para o trauma. O assassinato de um ser humano não é algo natural, mas sim algo inventado pelos humanos. Porém, mesmo com todos os esforços para normalizar a prática, a natureza humana continua reagindo negativamente contra uma agressão não prevista na natureza. O resultado é um trauma psicológico (físico em alguns casos) que homens e principalmente mulheres, sofrerão pelo resto de suas vidas. O Trauma é resultado de ação extrema e não natural. Quando alguém mata outra pessoa, seja por acidente ou propositalmente, o estrago psicológico é similar e tão duradouro quanto o de um aborto. De fato, um aborto não difere de um assassinato pois, este, interrompe uma vida que teria continuidade caso a ação abortiva não tivesse ocorrido. A negligência do estado levou as pessoas a acreditarem que interromper a vida de um ser humano que ainda não nasceu é aceitável, mesmo em casos onde os motivos são absurdos, como a falta de recursos financeiros, ou simplesmente não desejarem a gravidez. O ser humano precisa assumir a responsabilidade ou arcar com suas consequências. O assassinato de um bebê recém nascido pode levar o autor do crime a passar o resto dos seus dias na prisão. Por que assumimos postura diferente quando o crime é cometido meses antes?

Muitas mulheres pró-aborto costumam usar o discurso “my body, my rule” ou “meu corpo, minhas regras”. O argumento é certamente válido para as mulheres tanto quanto para os homens. Mas, é um grande equivoco acharem que essa regra vale para o aborto. Mesmo sendo gestante, a vida que cresce dentro do útero não pertence a mulher. Essa vida, desde o momento da fecundação ja tem seu direito a vida e a liberdade garantido pela Natureza (Deus). Não cabe a mulher impor seus desejos sobre uma vida que apesar de crescer dentro dela, não a pertence. Ao contrário da posse, a mulher e o homem, tem a responsabilidade de cumprir com seu papel natural de zelar e respeitar os direitos a vida que lhes foram dado. A gestante não tem por tanto, o direito de decidir o futuro do bebe, mas garantir a sua existência. O ser humano tem garantido seu direito a vida no momento em que ela passa a existir ou seja, no momento da fecundação. Indiferente do que as Leis dizem, as Leis da Natureza nesse caso, são superiores e imutáveis. Durante esta semana, ouvi dezenas de mulheres falarem sobre o trauma da decisão, e como o aborto afetou suas vidas mesmo depois de décadas. Salvo as exceções, minha resposta a esse argumento é simples e direta. A decisão de fazer o aborto, ao que me parece, é mais fácil do que a decisão de não fazer sexo, ou de fazer sexo seguro. Sim, eu sei que parece uma suposição grosseira, mas como citei acima, as exceções são apenas exceções e não podem ser usadas como regra. Também não estou aqui para julgar as mulheres que decidiram fazer o aborto. Meu propósito é questionar a legitimidade que o estado, junto a pessoas pró-aborto promovem ao defender sua legalização. É certo que acidentes acontecem, mas nesse caso especifico, a vida de um bebê inocente não pode ser interrompida por motivos tão rasos. A vida esta acima de tudo! Precisamos assumir as responsabilidades da vida!

Um outro exemplo que eu gostaria de usar como paralelo ao trauma causado pelo aborto, é o caso de soldados. As forças armadas treinam o soldado para matar o inimigo sem culpa. É um treinamento brutal que em muitos casos desconstrói o ser humano por dentro e reconstrói em forma de um soldado frio e calculista. Nesse processo o soldado é convencido de que se ele matar o inimigo, vidas serão salvas em sua terra natal. Mesmo apesar do processo brutal de desconstrução dos valores humanos, os soldados voltam da guerra traumatizados. A própria policia sofre com a violência e tem altos níveis de suicídios por causa da experiência nas quais vidas são terminadas de formas brutais. Porque então, deveríamos pensar que um cidadão normal, sem treinamento militar, não seria afetado pelo trauma causado pelo termino de uma vida como consequência de um aborto? Por isso acredito que há similaridades entre o trauma causado por um aborto e um assassinato, seja por legitima defesa, acidente ou guerra. O término de vidas por meios não naturais é definitivamente um crime na sua concepção mais básica. É exatamente com base nessa analise pessoal que consegui finalmente, depois de muitos anos de questionamentos, concluir que o aborto é assassinato, mesmo quando se tratando de legitima defesa ou legitima causa.

Como defensor assíduo dos direitos humano, me deixa consternado a idéia de que um estado, cuja responsabilidade número 1 é garantir a segurança, a integridade e os direitos humanos de todo cidadão, possa criar Leis que legalizem e sentenciem a morte, vidas inocentes sem direito a defesa. O aborto é um crime, e sua prática deve ser tratada como tal, com exceção aos casos de legitimidade. Um governo não se limita apenas a garantir e atender as vontades e direitos dos seus indivíduos, mas também garantir os direitos daqueles incapazes de se defender.

Quando um espermatozóide se une a um óvulo, o resultado é tão extraordinariamente espetacular e tão além do entendimento humano, que costumamos simplificar a criação e o surgimento de uma nova vida, usando o adjetivo “milagre”. Quem então teria o direito de interrompe-la se não o criador do milagre? Por que algumas pessoas acreditam ter o direito de se apossar de uma vida e decidir seu destino por motivos não naturais e ilegítimos? Interromper uma vida humana de forma não natural e de forma ilegítima em qualquer estágio do seu desenvolvimento, é um crime e deve continuar sendo, mesmo quando governos negligenciam algumas de suas maiores responsabilidades que é garantir o direito a vida e a liberdade de todos os seres humanos.