A ELITE DO BRASIL É BURRA!

By: Michaell Lange,
London, 24/07/17 –
No Brasil, quando o pobre começou a andar de avião e ir de férias para Miami, a elite ficou com ciúme, fazia cara de nojo. Teve até um apresentador esbravejando na TV dizendo que “agora até miserável tem carro”. Foram 10 anos de crescimento econômico com direito a capa de revistas internacionais, miserável comprando carro novo e casa nova. Por 10 anos, milhões de “miseráveis” passaram a ter o que jamais haviam tido. Mas, aos olhos da elite Brasileira, os miseráveis já estavam passando dos limites.
A elite Brasileira é diferente das elites de países desenvolvidos. Sim, o comportamento é parecido, o senso de superioridade é semelhante, mas há uma diferença vital, a elite Brasileira é burra. Burra porque a elite é composta por proprietários de grandes empresas que dependem de uma economia forte para continuar sendo elite. Economia forte depende do consumo e por tanto, é fundamental uma economia onde o cidadão tenha poder de compra, poder de consumo. No Reino Unido, nos EUA, na Austrália, Alemanha e outros países desenvolvidos, o cidadão que trabalha como garçon, servente de pedreiro, entregador de pizza e outros trabalhos considerados não qualificados, ganham bem e por isso, podem comprar roupa boa e pagar a vista, podem viajar de férias para o exterior mais de uma vez por ano, podem comprar utensílios domésticos a vista. Isso tudo porque a elite entende que para existir a classe alta, os ricos e milionários, é importante que o trabalhador tenha dinheiro para gastar e fazer a economia rodar. No Brasil a elite faz o inverso.
Nos países desenvolvidos, os governos trabalham como um termômetro, ou mediador entre a elite e os trabalhadores, para garantir a manutenção da economia, freiar os abusos das elites (em partes), e garantir o poder de compra do consumidor. No Brasil o governo faz o inverso. Sempre que sobra um pouquinho no bolso do consumidor, o governo sobe algum imposto. Dessa forma o povo não compra, a economia não gira, e a elite permanece com o seu dinheirinho, mas pobre, burra e ignorante.
A elite Brasileira não gosta de dividir poltrona de avião com pobre, e sente ciúme quando pobre consegue viajar ou comprar bens de consumo. A Elite Brasileira tem dinheiro mas é extremamente pobre. No Brasil, a elite precisa pisar no povão para se sentir bem. O personagem Caco Antibes do programa de humor Sai De Baixo, resumia bem esse problema. Caco Antibes tinha “horror a pobre”.
A elite Brasileira financia campanhas para convencer o povo a eleger políticos corruptos para garantir que o pobre continue pobre, sem direitos, e sem dinheiro para fazer coisas que para eles, somente a elite tem o direito de fazer. Afinal de contas, onde ja se viu, garçon, pedreiro, caminhoneiro, motoboy e diaristas andando de avião? Fazendo faculdade e com direitos trabalhistas? Um absurdo, diria Caco Antibes. Caco Antibes não é um personagem cômico, ele é a personificação da elite Brasileira!
É claro que quando me refiro a elite, me refiro de forma generalizada. É claro que há pessoas muito bem intencionadas e bem educadas que fazem parte desse grupo no qual classificamos de elite. Também é importante entendermos que as elites são vistas de forma geral, tanto nas relações sociais como nos estudos das teorias acadêmicas, como um grupo opressor. De fato, há evidências históricas que demonstram uma ambição constante dos mais ricos, em controlar a vida dos mais pobres. Porém, nem tudo que esta relacionado a elite é necessariamente negativo e desprezível. Vale lembrar que há muito trabalhador oprimindo trabalhador, prejudicando o colega e fazendo campanha para limitar direitos trabalhistas da sua própria classe. Particularmente, prefiro usar essa divisão social entre elite e trabalhadores com certa cautela, ja que o problema entre estas duas classes não é tão simples quanto parece. Mas cabe aqui dizer que no Brasil, a elite, que é quem mais se beneficia de uma economia forte e estável, parece trabalhar contra o país pelo simples prazer de não precisar dividir o portão de embarque do aeroporto com aquela gentalha que Caco Antibes tanto odeia.
Enquanto as elites dos países desenvolvidos não se importam que pedreiros, jardineiros, atendentes, garçons, motoristas de ônibus e caminhão, frequentem teatros e viajem de avião (ja que são as elites as proprietárias dos teatros e empresas aéreas), no Brasil, pelo “horror a pobre”,  a elite Brasileira prefere ver os teatros vazios e empresas aéreas quebrando, e a economia estagnada, ao ver a classe trabalhadora usufruindo daquilo que a elite Brasileira acredita pertencer apenas a quem merece ou seja, a própria elite…

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