By: Michaell Lange,
London, 26/09/16 –
A uma semana das eleições municipais no Brasil, o cenário da política nacional, apesar dos escândalos, parece continuar sendo o mesmo. De Norte a Sul do Brasil, são incontáveis os candidatos envolvidos ou sendo investigados por envolvimento em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro. Se a venda e a compra de votos fosse uma pratica legal, as bolsas de valores bateriam todos os records esta semana.
A partir de hoje, os financiadores de campanhas eleitorais (compradores de eleições), entram em estado de frenesi, numa desesperada e corrompida busca por votos. Os valores pagos por cada voto são inflacionados seguindo a mesma Lei de marcado da oferta e procura. O cidadão (de bem) passa a cobrar mais pelo favor. Os preços variam de acordo com algumas referências “de mercado” como o tamanho da família, o status social e a disposição do cidadão em participar da campanha eleitoral e claro, colar os adesivo dos candidatos no vidro do carro e da casa como um selo de garantia.
Ticket gasolina, tijolo, caixa d’agua, emprego, pneu, telha, tratamento médico, cancelamento de multas, CNH, dentaduras, etc. Tudo vira moeda de troca nessa ultima semana que antecipa o dia das eleições. É a maior prova de que o mensalão e o petrolão nunca foram de verdade os maiores escândalos de corrupção do Brasil. As eleições sim, são! A diferença é que o povo, obviamente, não irá denunciar um escândalo de corrupção na qual ele próprio faz parte. Isso é fato! Em nenhum outro período a atividade de corrupção é tão intensa e frenética do que no período que antecipa uma eleição no Brasil. Fato! Fato! Fato!
A gigantesca “feira popular” faz parte do maior esquema de corrupção do Brasil e atinge todos níveis sociais incluindo todas as esferas do poder governamental e econômico. Empresas, grandes e pequenas, principalmente aquelas que ja ganharam grandes e superfaturados contratos do estado através de pagamento de propinas, financiam a campanha de diferentes partidos e candidatos para garantir o apoio de quem quer que vença as eleições. É como jogar no preto e no vermelho na roleta do cassino. A vitória é certa! O dinheiro dos financiamentos é o mesmo dinheiro pago pelo governo em obras que custaram o dobro ou mais do valor real. Dessa forma os partidos ganham seus “padrinhos” e os “padrinhos” ganham o apoio dos candidatos eleitos. A verba pública, ja lavada nas obras superfaturadas, são usadas para “financiar as campanhas” que envolve novamente, a compra superfaturada de bandeirinhas, santinhos, cartazes e obviamente os votos daqueles que ainda são eleitores indecisos. Estão na mira todos aqueles que ainda não colaram os adesivos de algum candidato na janela do carro e da casa. As gráficas fazem dinheiro fácil em épocas de eleições.
Nesse sistema é importante ser amigo dos candidatos. Quanto maior a amizade e a “fidelidade” maiores os benefícios em época de campanhas. Os benefícios para os mais chegados podem variar de um emprego de motorista até um cargo de secretário do município. A regra vale para todos os níveis da política nacional e é quase uma Lei do mercado negro do voto. Sem fazer parte desse jogo é praticamente impossível ser eleito a alguma coisa no Brasil. Mas há esperanças!
Há candidatos honestos que infelizmente fazem parte de um seleto grupo de exceção. Pessoalmente, conheço alguns a nível municipal e não é muito difícil identificá-los. Eles ja eram referencias sociais e ja trabalhavam em prol da sociedade muito antes de serem candidatos a qualquer cargo público. Eles cresceram promovendo o desenvolvimento e o bem social das comunidades em que nasceram sem esperar nada em troca por isso. Vivem uma vida simples e sabem reconhecer as necessidades e os problemas de suas comunidades, e são acima de tudo, altruístas naturais ou seja, promovem o bem em suas comunidades de forma voluntária, e realmente se preocupam com o bem estar das pessoas que vivem a sua volta. Conheço e reconheço alguns cidadãos com esse perfil que resolveram colocar seus nomes a disposição do governo local. Alguns outros preferem continuar seu trabalho voluntário de forma modesta e anônima e não são menos importantes por isso. Fazem muito por suas comunidades e nada mais justo aos que saíram candidatos, que sejam eleitos e reconhecidos por tudo que ja fizeram. Estes sim, são verdadeiros candidatos. É importante que não sejam confundidos, muito menos esquecidos.
Aos eleitores que assistiram ao espetáculo de absurdos promovidos pelo teatro da vergonha em Brasilia, fica a responsabilidade de responder a estes absurdos através das urnas. É fundamental que o eleitor vote consciente e direcionado para eleger uma nova geração de cidadãos que ja fizeram mais por suas respectivas comunidades do que muitos “políticos de profissão” que apenas arregaçam as mangas em épocas de eleição. O combate a corrupção começa em casa com a rejeição do sistema de compra e venda de votos que tem ditado os resultados das eleições a décadas. O voto não é uma mercadoria, o voto é uma arma de defesa social. O voto é um botão de ejetar político corrupto. Use essa arma com sabedoria e não eleja políticos corruptos! Isso deve ficar claro a cada visita de candidato. Seja cordial e educado com todos eles, mas não aceite proposta que não seja em favor do benefício comum da sua sociedade. Não importa quão amigo ou simpatico ele seja, a proposta de comprar o seu voto, além de ilegal, é uma declaração de corrupção que deve ser tratado com cartão vermelho e denuncia no TSE.
Em poucos dias, os Brasileiros terão a oportunidade de provar que todos os protestos anti-corrupção não foram em vão. A rejeição da atual situação política e econômica do Brasil pode ser demonstrado nas urnas das eleições municipais da próxima semana. Se falharmos, a mensagem aos políticos será a de que tudo pode ser aceito pelo povo Brasileiro, e a perpetuação do sistema corrompido seguirá eternizado pelo seu voto. O povo Brasileiro terá, nestas eleições municipais, a oportunidade imperdível de dizer basta! Pense nisso, a escolha será sua!