O Que Foi Bom Para a Alemanha Em 1953 Sera Bom Para a Grécia Em 2015

By: Larry Elliot (The Guardian, 06/07/15).

Tradução: Michaell Lange.

A assistência econômica do plano Marshall foi importante para os dois países, mas foi o perdão da dívida que fez a grande diferença para a Alemanha.

O argumento usado pelo governo Grego para assegurar o perdão da atual divida do país tem base histórica, especialmente na interessante relação incomum com o discurso feito pelo então secretario de estado Americano, George Marshall para os estudantes da universidade de Harvard em 5 de Junho de 1947. Naquele discurso, Marshall salientou a importância de um programa de reconstrução econômico Europeu para evitar o total colapso econômico do Continente, onde a capacidade de produção da industria encontrava-se em frangalhos. O comércio havia cessado e as pessoas estavam passando fome. Para Marshall, havia um grande risco de toda região acabar nas mãos do Comunismo Soviético.

Importantes lições foram aprendidas depois do fim da Primeira Guerra Mundial quando os Aliados impuseram ações punitivas e indenizatória sobre a Alemanha, criando grande ressentimento entre os países envolvidos. Marshall aplicou um método diferente. Durante 4 anos, os EUA injetaram o equivalente a $150 bilhões de Dólares no continente Europeu na esperança de que a capacidade econômica fosse restaurada dando a possibilidade aos países voltarem a comercializar entre si minimizando assim, os riscos impostos pela União Soviética. Mas isso não foi um ato de total solidariedade dos EUA para com a Europa. Na época, a produção dos EUA equivalia a 50% da produção mundial e havia uma grande necessidade de encontrar mercados para exportar tal produção. A falta de demanda de países como a França, Italia e Alemanha, inviabilizava o crescimento econômico Americano. O Reino Unido foi maior beneficiado do plano Marshall recebendo um quarto do total. A Alemanha recebeu $1.4 Bilhões, o equivalente a 11% do total e quatro vezes mais do que a Grécia recebeu.

Hans Werner-Sinn, presidente da IFO Thinktank de Munique, escreveu três anos atras, que a ajuda do Plano Marshall para a Alemanha foi o equivalente a 4% do seu PIB enquanto que para a Grécia a ajuda foi equivalente a 200% do seu PIB. A justificativa para isso pode ser entendida de duas formas: A primeira se refere ao ressentimento Grego com a ocupação Alemã durante a segunda guerra mundial. Segundo Alan Bullock, que escreveu a Biografia do Ministro Britânico para assuntos internacionais da época, Ernest Bevin, “A Grécia era um país pobre na melhor das hipóteses e sua economia havia sido destruída inúmeras vezes por invasões, ocupação, resistência, represálias e guerras civis além de ter tido 8% de sua população de 7 milhões, morta durante a segunda guerra mundial ou seja, um número oito vezes maior que as baixas sofridas pelos Britânicos. O Alemães saquearam o país de tudo aquilo que podia ser carregado além de todo o rebanho animal. Toda a linha ferroviária, rodoviária, pontes e portos foram destruídos”. O segundo ponto foi que a Alemanha recebeu ajuda muito além dos $1.4 Bilhões de Dólares transferidos pelo plano Marshall. Na conferência de Londres em 1953 a Alemanha foi presenteada com o perdão das dividas.

Na Revista Britânica, The Economist, o professor de história Econômica da Universidade de Economia de Londres (LSE), Albrecht Rirschl escreveu em 2012 que: “O plano Marshall tinha como meta, o programa de recuperação Europeu e o núcleo desse programa tinha como principal objetivo, a reconstrução do poder econômico Europeu com base no perdão das dividas e a integração comercial com a Alemanha. Os efeitos da sua implantação foram gigantescos. Enquanto a Europa Ocidental sofria com uma relação entre divida/PIB próximo a 200% nos anos 50, a nova Alemanha Ocidental usufruía de uma relação entre divida/PIB de menos de 20%. Isso, junto com a reintegração da Alemanha ao mercado Europeu foram os grandes triunfos da Alemanha com o plano Marshall”.

Nos próximos dias, o Primeiro Ministro Grego, Alexis Tsipras, irá argumentar que aquilo que foi bom para a Alemanha em 1953 sera bom para a Grécia em 2015.

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