Lula e FHC: Quem Foi o Melhor Presidente Para Quem

Por: Michaell Lange,

London, 12/03/15

A direita, representante da alta sociedade Brasileira, odeia o Lula com a mesma veemência com que um vampiro odeia a cruz. Por outro lado, a esquerda, representante da classe trabalhadora demonstra o mesmo ódio com relação a elite dominante no Brasil. Mas qual seria a razão de tanto ódio se a alta sociedade Brasileira foi a classe que mais ganhou com o governo Lula, ao mesmo tempo que FHC fez quase o mesmo tanto pela classe trabalhadora?

Durante grande parte do governo FHC a balança comercial apresentou enormes déficits de bilhões de Dólares ou seja, o Brasil importava mais do que exportava. A indústria, vendia pouco e precisava comprar muito mais produtos de fora do que era exportado. Dessa forma, o déficit da balança comercial prejudicava a industria Brasileira que por consequência prejudicava a classe dominante. No mesmo período, FHC controlou a inflação que acabou com o lucro fácil das grandes cadernetas de poupança que pertenciam obviamente aos ricos, e implantou o plano Real que apesar de ser de autoria do Presidente anterior, Itamar Franco, é justo dizer que FHC tem sim parte nesse mérito pelo trabalho que fez dando continuidade no plano que impulsionou a economia Brasileira de forma positiva por vários anos. O trabalhador até então não sabia o que era um carro “zero kilômetro”. Brasileiro andava de carro velho, muito velho. As Brasílias, Corcéis e os fuscas tinham no mínimo 10 anos de idade. A frota de carro do Brasil parecia mais um ferro velho ambulante. Brincava-se dizendo que o que matava nos acidentes de trânsito não era o impacto, o que matava era o tétano. Com FHC o Brasileiro passou a ter carro zero. Mesmo sendo um Corsa financiado, eu lembro até hoje do cheiro do primeiro carro novo do meu pai, um corsa super, lindo! O mercado de automóveis explodiu e criou o Lula que também por motivos justos, se tornou um dos grandes lideres sindicais e defensores dos trabalhadores da história do Brasil. O Brasil de FHC vendia nossos recursos naturais para os Americanos que por sua vez resolveu comprar a segunda maior mineradora do mundo por um terço do seu valor de mercado. A classe alta Brasileira não ganhou com as privatizações com exceção de um pequeno numero de super ricos que ficaram ainda mais ricos, mas quem realmente se beneficiou com o plano econômico de Itamar e FHC foi a classe trabalhadora que passou a ter até plano de saúde privado. Infelizmente, tudo que é bom dura pouco, e em nenhum outro lugar do mundo esse ditado é verdadeiro do que no Brasil. A crise Asiática veio e nos pegou de calças na mão, O Brasil quebrou e o resto da história todo mundo já sabe.

Lula viu na crise que entregou grande parte das nossas riquezas para mãos estrangeiras, a oportunidade que lhe haviam roubado em 1989 e que por sinal o próprio Lula admitiu mais tarde, foi melhor assim já que ele não estava preparado para governar naquela época. Mas, depois de uma profunda reforma nas visões sobretudo idealistas e ideológicas, Lula reapareceu bem mais moderado e coerente. A elite Brasileira, mesmo desconfiada, se sentiu mais a vontade com o novo Lula e assim o Brasil elegeu o primeiro Presidente emergente da história recente do Brasil. Lula deu continuidade a muitas políticas públicas aplicadas por FHC e em alguns casos ampliou e melhorou os sistemas de benefícios que mais tarde deixaria a classe alta descontente, mas eu voltarei a esse assunto um pouco mais a frente. No campo econômico e internacional Lula surpreendeu até mesmo alguns de seus maiores críticos. Lula vendeu a marca Brasil no exterior de forma a deixar os melhores economistas e marketeiros do mundo morrendo de inveja. Simpatico e super carismático, o Presidente do povo deu um ponta-pé na bunda dos Americanos de forma tão sutil que a maioria dos Brasileiros nem viu. O Brasil passou a vender mais para os Chineses que logo se tornaram os maiores compradores de produtos Brasileiros sobretudo, matéria prima. A balança comercial se inverteu. O Brasil passou a exportar mais do que importava e ano após ano a balança comercial e os investimentos externos bateram recordes. A Mídia mundial passou a venerar o Presidente do Brasil e a China passou a comprar 3,4,5 vezes mais do que os EUA costumavam comprar do Brasil. O resultado foi um salto econômico nunca visto na historia do país. Recordes de crescimento do PIB já nem eram mais noticia. As revistas do exterior estampavam o Brasil na capa com dizeres, “O Brasil Decolou”. O PIB Brasileiros crescia a 8,9,10% ao ano e a classe alta Brasileira não sabia mais o que fazer com tanto dinheiro. Porem, do outro lado da moeda, digo, da sociedade, a classe trabalhadora não via os ganhos acompanharem os ganhos dos mais ricos – É preciso antes de mais nada reconhecer que muitos Brasileiros emergentes passaram a ser ricos e 36 milhões de Brasileiros saíram da total miséria – Infelizmente, o crescimento econômico ficou apenas no âmbito do produto interno bruto (PIB) e não refletiu em desenvolvimento social e humano. Sem crescimento social e humano, o Brasileiro ficou preso numa situação na qual não passava fome, mas também não conseguia crescer. O índice de desenvolvimento humano (IDH) permaneceu mediocre e na classificação da ONU o IDH Brasileiro ficou em vigésimo quinto lugar na America Latina, enquanto países como Cuba esbanjavam o quinto lugar. A educação também não evoluiu, continuando a ser uma das piores do mundo. Na infra-estrutura de serviços sociais o Brasil não viu melhora na saúde nem em saneamento básico e segurança. Uma modesta classe média surgiu, mas esta, se encontra endividada e sob forte pressão pela pobreza do sistema de saúde e negligencia da educação.

Concluindo meu pensamento, a idéia de que FHC beneficiou apenas os mais ricos e Lula beneficiou apenas os mais pobres é um conceito questionável. Talvez, o maior problema nessa mentalidade entre direita e esquerda seja mesmo uma questão de ignorância ideológica mais do que apenas um problema de ódio entre rico e pobre. A verdade é que numa observação básica entre os governos de FHC e Lula é possível demonstrar que ao contrario do que muita gente pensa, o governo FHC pode ter beneficiado a classe trabalhadora de uma forma mais abrangente do que é reconhecido pelo Brasileiro de forma geral, ao mesmo tempo que ao contrario do que a elite pensa, o governo Lula pode ter beneficiado a classe alta de forma muito maior do que a elite esta preparada a admitir. Nessa briga entre dominantes e dominados, os dominantes parecem continuar numa vantagem elevada com relação aos dominados. O que me deixa intrigado é ver a elite Brasileira dobrar seu capital durante os 8 anos do governo Lula e não aceitar de forma alguma que um programa social como o bolsa família seja uma das políticas publicas de maior sucesso na história do combate a pobreza e isso tudo com um beneficio que da pouco mais de R$60 Reais por criança que seja mantida na escola. É como ver um leão de barriga cheia com inveja do pótinho de leite do gatinho, não faz muito sentido do meu ponto de vista. Já no caso da Dilma, bem, no caso da Dilma é melhor a gente conversar numa próxima oportunidade…

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