Por: Michaell Lange
Londres, 13/11/14
Hoje aqui no Reino Unido, a mídia passou o dia obcecada sobre um Americano que promove palestras sobre como “pegar a mulherada” e basicamente fazer o que você quiser com elas. A radio mais ouvida no Reino Unido, a LBC – Leading British Conversation – e que curiosamente não toca musica, falou por horas sobre o assunto e milhares de pessoas ligaram para dar a sua opinião a respeito. Outros jornais como o DailyMail e BBC também falaram sobre o assunto durante o dia.
A polemica girou em torno de dois pontos básicos. Primeiro, sobre os métodos usados por Julien para pegar a mulherada, que inclui entre outros absurdos, agarra-las pelo pescoço num ato claro de intimidação, já que segundo Julien, elas querem sexo mas as vezes precisam ser intimadas. Assisti alguns vídeos de Julien e esta claro para mim que o cara é uma grande farsa. Um sujeito sem muito escrúpulo ou qualquer respeito pelo ser-humano e sobre tudo nenhum respeito pelas Leis dos direitos humanos. Em países como o Reino Unido, ha Leis que classificam como ofensa criminal o simples toque em qualquer parte do corpo por um estranho sem o consentimento da pessoa. O Equality Act de 2010 no Reino Unido por exemplo, protege entre outras coisas, o espaço a sua volta como, “espaço privado” ou violação do espaço privado (ofensa criminal); “espaço intimo” ou violação do espaço intimo (ofensa criminal). O simples toque de alguém no ombro de outra pessoa por exemplo, como costumamos a fazer no Brasil, pode ser classificado como agressão. Ja houve casos como o de um cadeirante que processou um taxista por tentar ajuda-lo levantando-o da cadeira sem a sua permissão. Imagine então você agarrar uma mulher que você nem conhece pelo pescoço? No Brasil você facilmente levaria um tiro ou seria linchado.
O segundo ponto polemico levantado pela mídia aqui no Reino Unido hoje, foi a questão de permitir a sua entrada ou não no pais. Ha uma petição rolando nas redes sociais com mais de 80 mil assinaturas pedindo que Julien tenha a sua entrada ao Reino unido negada por conta de suas palestras que claramente ferem os valores morais e as Leis de uma democracia. Julien foi expulso da Australia recentemente e muito provavelmente tera sua entrada negada em vários outros países incluindo o Brasil.
Eu gostaria de levantar uma terceira questão nesse debate, não menos polemica que as duas citadas acima mas, que também deve ser levada em consideração principalmente se tratando de países democráticos como Brasil, Australia e Reino Unido. A questão é a seguinte; Ao negarmos a entrada de Julien por causa do conteúdo de suas palestras, não estaríamos quebrando um dos princípios mais básicos de qualquer democracia? Do meu ponto de vista, a liberdade de expressão e também a liberdade de movimento não deveriam ser tratadas dessa forma e de acordo com a vontade de um determinado grupo da sociedade. Se abrirmos as portas para esse tipo de censura, logo poderemos começar a ver pessoas importantes serem barradas também pelo mesmo principio, assim como já vimos acontecer em Cuba e Venezuela por exemplo. Num pais livre e democrático a resposta a um palestrante como Julien, seria um auditório vazio. Mas obviamente, pervertidos ha em todos os lugares do mundo certo? Então, por que não segui-lo em todo território Brasileiro fazendo protestos em frente a entrada de suas palestras com fotos dos “candidatos a pegadores” sendo postadas nas redes sociais fazendo seus seguidores sentirem um pouquinho de vergonha? Estaríamos aplicando a mesma Lei de direitos a liberdade de expressão e movimento sem a necessidade do uso da censura ou do bloqueio. Afinal de contas, se Julien for impedido de entrar no Brasil por conta de seus discursos, o que faremos com os Bolsonaros e Malafaias da vida???
Michael,a classe mais escrota em nosso país é a ”alta”,então para os playboyzinhos esse cara se vier pra cá , será tratado como rei,pois a maioria de nossos filhinhos de papai daqui não têm nenhum respeito á vida alheia.E o pior é que vai virar mais uma modinha,e o pessoal da classe média-baixa,ao invés de rechaçar essa onda dos playboys,(pois eles são muitas vezes vítimas do preconceito dos riquinhos que deveriam ser mais instruídos),juntam-se a eles ,fazendo os paupérrimos Funks(não tenho nada contra o funk,pois pra mim é uma manifestação cultural rica quando bem executado no quesito tema -letra,sem apologias negativas,o que não acontece na maioria das vezes).Infelizmente isso contribuirá para fazer de nossas baladas de fim de semana mais violentas.Torço que não ”pegue” essa modinha aqui,mas preocupa.Um abraço.
Alex, acho dificil condenar uma classe inteira como escrota. Afinal de contas, escrotos estao em todas as classes sociais. Veja por exemplo quantos playboyzinhos ha em Ganchos cuja a classe dominante eh a trabalhadora. Ainda acredito que ha maneiras mais eficazes de lidar com esse tipo de situacao sem o comprometimento da nossa democracia. Mesmo assim, Obrigado pela sua participacao meu caro amigo!
Valeu Michaell!